A mobilidade elétrica já está na ordem do dia da indústria automobilística no Brasil. No ano passado, foram comercializados 49,4 mil veículos elétricos e a expectativa para 2023 é de licenciamento de mais de 70 mil unidades. Hoje, a frota de veículos elétricos no país é de cerca de 150 mil veículos.
Segundo Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) e diretor de relações institucionais da GWV, nos últimos cinco anos cresceu no Brasil o interesse e a visão de que a eletrificação é uma alternativa viável para a descarbonização. O tema entrou na pauta de discussão das empresas, entidades e governo.
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“A eletrificação é um dos caminhos na busca da descarbonização. Com isso, muitos países e regiões passaram a investir pesadamente na eletromobilidade e ocorreu um salto na transição do motor à combustão para o elétrico. O Brasil não ficou de fora deste movimento”, disse Bastos.
Diante desta mobilização mundial em torno da mobilidade elétrica, muitos países começaram a conceder incentivos para a transição energética. O mercado de veículos elétricos do na China cresceu rapidamente desde 2020 apoiado por subsídios do governo, que expirou em dezembro passado depois de 13 anos.
Assim, as montadoras tradicionais estão se esforçando para se desfazer do estoque de carros mais antigos antes das regras nacionais de emissões mais rígidas entrarem em vigor a partir de julho, dificultando a venda de veículos movidos a diesel e a gasolina.
Por aqui, o governo brasileiro entendeu que colocou a eletromobilidade na agenda. Um dos incentivos concedidos foi a redução do Imposto de Importação (II) para a compra de carros elétricos. Com isso, a tarifa de 35% caiu para 7% a 0%, dependendo da tecnologia.
“É um bom incentivo e começou a dar um efeito e agora temos uma conexão com o que está sendo feito lá fora. Além disso, muitas montadoras começaram a produzir no Brasil”, afirmou Bastos. “O Brasil tem uma matriz mais limpa do mundo e é isso o que atrai muito interesse das montadoras para poder participar dessa agenda com os biocombustíveis, incluindo o hidrogênio verde, pode ser do etanol ou da água.”
Eletromobilidade no transporte público
Bastos acrescentou que os governos, tanto estaduais quanto municipais, também estão mais sensíveis à questão da descarbonização. Em São Paulo, por exemplo, há um programa para renovação da frota de ônibus da cidade. A previsão é de que até 2024 as empresas concessionárias comprem 2,6 mil veículos marcando o início da substituição das cerca de 15 mil unidades a diesel por uma tecnologia de menor emissão de gases de efeito estufa e poluentes locais.
A licitação prevê que os veículos tenham autonomia de 250 quilômetros, o que permite que ele circule o suficiente para atender sua rota e recarregue apenas na garagem, no momento de pausa.
Bastos ressaltou que as empresas que estão se instalando no Brasil buscam aumentar a nacionalização de componentes, o que pode reduzir os custos de produção dos veículos elétricos no país.
“Este ano completamos cinco anos do Rota 2030, que é o programa automotivo em vigor. Estamos já conversando com o governo para um novo Rota e espero que nesta discussão se inclua um capitulo da eletro mobilidade dentre desse programa”, ressaltou Bastos.
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