No mês em que se completam treze anos de lei Maria da Penha os números de casos de violência contra a mulher parecem aumentar. Talvez as estatísticas estejam maiores pois o acesso à informação fez crescer o número de denúncias; e a cada vez mais mulheres criam coragem para procurar ajuda.
Começa a se formar hoje também uma quebra de paradigma. Aquela velha frase que dizia: "Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher." está mudando. É papel da sociedade sim avaliar a gravidade da situação e denunciar o agressor. Nesses casos, a sua atitude pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma mulher.
Mas surge a pergunta. Como ajudar a mulher que sofre com a violência doméstica?
Até onde, e de que forma afinal testemunhas, parentes e amigas podem interferir?
A professora da faculdade de Medicina da USP Ana Flávia d'Oliveira pesquisadora sobre temas de violência de gênero, serviços de saúde da mulher e atenção primária ensina que em briga de marido e mulher, mete-se a colher sim!
O momento em que a mulher decide dizer "não" e sair da situação abusiva parece ser o de maior risco. E neste momento a ajuda e o apoio da família e de amigos fará toda diferença. Mas, como ajudar?
Pergunte o que ela quer.
Falar simplesmente para a vítima sair do relacionamento não ajuda. Então, pergunte o que ela quer e provoque nela a seguinte reflexão: Como será a su avida daqui a cinco anos? Isso à fará refletir sobre as suas atitudes hoje. Segundo Ana Flávia, pesquisas comprovam que perguntar para vítima o que ela quer tem mais resultado do que simplesmente falar para ela se separar.
Apoio incondicional.
Independente da resposta mostre que está no lado dela. Tudo que a pessoa precisa neste momento é sentir que tem amigos sinceros que se interessam por ela e não julgamentos. Senão ela pode se calar para sempre. A melhor ajuda é falar, sou contra isso, isso está errado, mas você não é culpada e estou do seu lado.
O que a sua amiga realmente sente pelo companheiro.
Talvez pelo instinto materno a mulher acredite em uma mudança. Ela quer acreditar que vai conseguir mudar o companheiro. Ela fará de tudo para salva a família; principalmente se tiver filhos envolvidos. Porém, nestes casos as expectativas da vítima são sempre frustadas. Tente faze-la entender que ela precisa se amar. Precisa pensar no futuro e na felicidade dela. Quem ama não agride. E nada justifica isso.
Entenda o lado dela.
Quem está de fora não consegue avaliar muito bem o que prende uma vítima ao seu agressor. Se é amor, medo ou uma dependência afetiva.E para quem tem filho, ainda existe o medo de perder a guarda da criança. Fora as ameaças que ela deve sofrer. Seja o que for, não faça acusações ou julgamentos.
O momento de maior risco é quando se decide pela separação
Em momentos de extrema violência chega a ser arriscado simplesmente a vítima pedir a separação. Aconselhe a vítima a não pedir a separação em momentos críticos; ou seja, quando os nervos estiverem a flor da pele. A melhor forma é esperar um momento oportuno e ter a presença de alguém da família ou um amigo por perto, pai, mãe ou irmão. Se existe um histórico de violência extrema não é aconselhável pedir a separação sem ter alguém por perto.
Nunca pergunte o motivo da agressão.
Seja verbal ou fisicamente agressão é agressão e ponto final. Nunca pergunte o motivo da agressão. Nada justifica um agressão.
Denuncie
Se você presenciou a agressão, denuncie. Deixe claro para o agressor que piadas machistas e humilhação verbal também são agressões. Incentive a vítima a ser forte e firme nas palavras. Caso a vítima não se posicione e a situação se tornou extrema não perca tempo, denuncie.
Você não é responsável pela vítima
Pode parecer difícil fazer um apessoa entender o óbvio. Então no sofra com a agonia da sua amiga; você não é responsável por ela. Então não sofra caso ela não faça exatamente o que você acha que ela deveria fazer. Tenha paciência.
Texto: Elaine Ribeiro
Fonte: g1.com e uol.com
Comments